segunda-feira, 30 de maio de 2011

Divagações acerca das nuvens - Parte I


Já estive com a cabeça nas nuvens,
mas não com o coração.
Gosto de como ela me olha
e quando ela me segue.
É tocante como o vento que a sopra

segue no mesmo andamento que meus passos.

Sinto ciúmes quando ela olha para outros.
E ela sempre o faz, mas eu a perdôo.
Então ela fica alguns dias sem aparecer,

e eu confirmo: ela não serve pra mim.
Como é curta a distância entre ter muito e não ter nada!

Chego em casa e chuto a mesa...
No chão, cacos de vidro, porcelana e sentimentos
Dormirei, e quando acordar, certamente já terei esquecido essa baboseira...
...depois acordarei novamente.

(por Zé Mingau)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Amar – Chorar – Sentir – Sorrir


Amo sentir vontade de sorrir por algo que havia chorado

Já sorri por nunca ter chorado sentindo que não amei

Já chorei por amar e não sorrir por sentir que não fui também amado

Mas sinto que, sorrindo, mostro amor até pelo que chorei


E em escolher a ordem das palavras consiste o viver

Palavras tais como chorar, sentir, amar, sorrir...

Se amei, porque chorei, se sorri, o que senti

Não vivo se sigo sem saber a ordem que hei de escolher


(por Zé Mingau)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

E(s)vair

Assim como o jogador que formava a dupla de ataque com Edmundo, chamava-se Evair.

Evair, que lembra esvair, esvair-se.

“Esvair e ser. Esvaziar-se e continuar sendo...”, repetia Evair, em sua mente, ao sentir-se a esvair.

Como se imaginasse que o recipiente, sem seu conteúdo, simplesmente não é, temia que ao esvair-se poderia não continuar sendo. E insistia em querer ser.

Evair não sabe se é e o que é, e ao se esvair não sabe se continuará sendo.

Ao menos, uma certeza ele tem: chama-se Evair, ou não.


(por Zé Mingau)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Flexibilidade Ortográfica


Entendo por Flexibilidade Ortográfica a possibilidade de fletir o sentido das palavras até que se tornem o que eu quero que sejam.
Não que esse seja realmente o significado, mas é assim que eu quero que seja. E isso já é pôr em prática a minha teoria.
Nesse exato momento quero que Preocupação seja um doce feito com frutas cítricas e mel no norte da Miséria, que é um vilarejo muito fértil situado nos fiordes noruegueses.
Em Miséria, uma vez por ano comemora-se o Trabalho, que é uma data especial onde todos comem Preocupação deitados em suas redes enquanto lêem historinhas do Patrão, comediante local, e ao pôr do sol, enquanto assam Memorandos (semelhantes a marshmellows) na fogueira, relembram o quanto tinham medo da Demissão, uma espécie de ‘bicho papão’, que apesar de assustar as crianças, todos sabem que não existe.


(por Zé Mingau)