quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do Rock n' Roll ao Roll n' Pop

O rock como muitos conhecem, um ritmo barulhento, um movimento libertador, revolucionário, que nasceu de uma mistura dos ritmos jazz e blues, e nos foi apresentado por genios como Elvis, Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, AC/DC, e aqui no Brasil foi representado por Raul Seixas, Legião Urbana, Mutantes, Rita Lee, Raimundos, e outros; atualmente vive uma de suas piores fases, em termos de criação e originalidade, já que o que figura na cena hoje são as tais "Bandas Coloridas".

Afinal o que são essas bandas coloridas e como chegaram ao topo das paradas nas rádios e alavancar milhões de adolescentes para sua "família"?


Para começar, vou contar minhas próprias experiências. Comecei a gostar de rock, influenciado pelo meu tio que me emprestou 2 discos, um do Jimmi Hendrix e um do Pink Floyd, e que eu ouvi por longos 3 meses, até descobrir o Iron Maiden e o Guns n' Roses e ouvir essas duas bandas que até então eram rock e eram boas de verdade. Eu tinha meus exatos 14 anos e estava lendo tudo que podia sobre o mundo do rock, notícias sobre as bandas e pesquisei outras bandas. Logo conheci o Metálica, Foo Fighters, Ac/DC. Led Zeppelin, mas com certeza criei minha identidade quando escutei o Nirvana.


Falar do Nirvana é falar de uma paixão minha, continua sendo a melhor banda do universo para mim. Fui arrebatado e até enganado um pouco, achando que ali estava o punk rock que eu havia perdido e somente encontrado nos livros. Ali estava aquela anarquia que era bombardeada ao som de "Territorial Pissings" "Smells like Teen Spirit". Essas eram minhas favoritas e passei a pesquisar tudo sobre o Nirvana.


Descobri que o Rock era mais que música, era um movimento contra o "sistema". Um sistema que determinava que você iria ver determinada coisa, vestir e se comportar como uma pessoa exemplar. Mas o rock também tinha sua lei, era dividido em Grunges, Punks, Metaleiros, Posers. Todos tinham uma forma de se vestir, de agir, até mesmo alguns tinham regras para drogas que iriam usar. Mas mesmo assim, mesmo dentro desses parâmetros conseguiamos produzir uma estética louca, chocante e desafiadora.

Quem nunca ouviu o bordão "todo roqueiro é maluco"? Quem nunca ouviu "Maluco Beleza" ? Raulzito eternizou o rock brasileiro nessa música e foi o maior roqueiro entre todos do Brasil. E quem nunca se sentiu um índio, como na música de Renato Russo?



Como disse anteriormente, cheguei a ser enganado sobre o punk rock ainda existir. Não sabendo ou negando isso, eu gostava de uma banda que até 1994 existiu para uma galera entitulada Grunge. O punk havia morrido há muitos anos. O punk foi uma ramificação que desafiou com o Sex Pistols, Black Flag, The Clash, Ramones, e no Brasil, Ratos de Porão, Plebe Rude, Titãs(sim eram punk na minha opinião, pergunte para quem ouvia "Polícia") a estética bonitinha que vigorava, com solos, harmonias.



Na verdade, o que aconteceu comigo naquela época e que acontece hoje. É a mesma coisa, e eu só fui perceber quando por algum tempo, ao assistir algumas propagandas da MTV, o Nirvana havia sido colocado como uma antiga banda Pop, já que o rótulo "Grunge" se perdeu há muito tempo e o rótulo "punk" nunca era empregado porque até então, a estética do Nirvana é muito utilizada(versos calmos e refrão barulhento). O Pop caiu como uma luva e não poupou ninguém.

Quem aqui não lembra dos primórdios de Blink-182, em que eram considerados banda punk? E o Greenday? E o Simple Plan?


Para quem não sabe, até mais ou menos 2004 toda e qualquer banda que tivesse um guitarrista, um baixista e um baterista, e que, além disso, tocasse num ritmo frenético, sem parar, sem enfeitar muito a música, era considerada punk. E mais um fator foi acrescentado: as músicas geralmente, não tinham sentido nenhum, eram besteiróis americanos adolescentes (como o Blink-182 que eram mais engraçados do que músicos mesmo).



No final de 2005 e início de 2006 uma nova ramificação surgiu - com o aparecimento de algumas bandas como Simple Plan e com a "adesão" de algumas nem tão novas, como o próprio Blink, Greenday (este último somente por conta do visual que utilizaram no álbum "American Idiot", até porque nos albuns anteriores nenhum deles utilizava esse estilo) - ... - a essa nova ramificação foi dado o nome de Emocore (na verdade, o Emo já existia, mas até então eram ditos como punks).


Para os "adeptos" do Emocore foram chamados de Emos e o estilo era assim: Franjinha ou moicano, maquiagem estilo Gótico, roupas pretas, variando com lenços, botas, tênis xadrez, blusas de bolinha, pulseiras com espinhos. Era uma mistura de estilos. Assim como no vestuário e nas atitudes, as bandas eram bem parecidas com os fãs: as músicas continham misturas de Punk, Metal, Hardcore e Pop.


No Brasil as bandas como CPM 2 2, NXZero, deixaram de ser underground para virar moda e foram, repetidamente, tocadas nas rádios e convidadas para aparecer em programas de TV, premiações, ganharam tudo nos VMB's e foram além, conquistaram fãs do rock, do pop, do funk, do pagode, do tecno.

O tema central das músicas dessa galera nova era "amor". De 10 faixas 5 falavam algo sobre amor e continham baladinhas romanticas. E todos os álbuns falavam sobre o amor. Outras bandas, que não seguiram o movimento emo também tiveram que começar a compor suas músicas sobre amor e até mesmo, fazer com que ficassem músicas mais jovens, como por exemplo o Capital Inicial que teve que mudar completamente o estilo para se adequar, mas mesmo assim ainda continua uma excelente banda (opinião minha) porque tem toda a parte comercial, mas ainda tem a parte mais lado B, os Titãs que tiveram que largar suas polícias e igrejas para começaram a cantar sobre amor também.

De 2006 a 2010 foram tiradas do ostracismo bandas cada vez mais inexperientes, e no Brasil uma emissora de TV inteira se reinventou para estar inclusa nesse processo e passou a diáriamente promover o emocore, inclusive tendo apresentadores simpatizantes desse estilo, que dão suas opiniões e conselhos musicais, promovendo bandas novas.

Novas somente no conceito, na prática as músicas são iguais, chegando inclusive ao ponto de plagiar outras bandas dos Estados Unidos, cantando em portugues com a mesma melodia, imaginando talvez que ninguém ía perceber.

A imagem hoje é o instrumento atrativo utilizado para a promoção de tudo, desde produtos industriais a músicos. Com as ferramentas certas (internet, TV, revistas...) as gravadoras conseguem promover garotos de 13 anos a Deuses da arte fonográfica. Afinal, o que os torna dignos de tantos fãs é realmente a música que fazem? Ou é o estilo?

A resposta é os dois. A diferença da juventude que ouvia Legião Urbana para a que está aí hoje escutando Restart é uma, o tempo ao qual cada geração pertenceu.

A geração Hippie, lutava contra as guerras, queria paz, queria liberdade e usaram a música para esse bem. A geração punk, estava cansada da mídia, do poder, da prisão e a música foi a salvação para esse estado das coisas.


Essa nova geração não tem muito o que se dizer sobre. Não estão lutando contra nada, não pensam em mudar alguma coisa, não querem sujar as mãos de barro. E a música que reflete essa geração é despretenciosa, alienadora, repetitiva, cópia, vazia. Ganharam a mídia de tão repetidas e quão marteladas foram nas cabeças dessa geração, que espera as coisas serem feitas, espera serem mostradas para elas e que só quer ver aquilo que convém.


E existem outros estilos que cantam sobre amor, só mudam de instrumentos e de roupa, mas a proposta musical é a mesma.

Dificilmente acredito que o rock esteja vivo. Poucas bandas ainda conseguem fazê-lo continuar respirando. Mas novas gerações virão. E o Rock?

5 comentários:

  1. e o rock? do jeito que tá o rock vai morrer =/

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  2. Nuss, quanta asneira! Dei palas de rir!

    Ae feio, você deve estar velho pacaralho! É sempre assim, a geração anterior sempre fala que a geração atual é uma merda. Quantas vezes você ouviu do teu velho "A juventude tá perdida, no meu tempo...".

    Não chore porque o seu tempo já ficou pra trás, não detone a geração atual porque você já tá velho. Nosso tempo foi bom, aproveitamos, exceto pela merda do Legião Urbana, o resto foi muito bom! Relembre, não chore.

    Valeus!

    Augusto

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  3. eu também acho que hoje em dia o rock - em boa parte - perdeu a sua grande originalidade, que era o espírito revolucionário. hoje em dia ele não está mais ligado à uma ideologia libertadora concreta, como nas décadas de 60,70 e até 80, apesar de ainda estar vinculado ao motivmento de contra cultura, na minha opinião.

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  4. Ótimo Post cara!

    Apesar de todas essas besteiras que vem surgindo no mundo da música se auto rotulando Rock, não há "cultura" ou "crença" ou sei la como queiram chamar, mais forte do que o ROCK. Antigamente com certeza o protesto, as letras e a atitude se sobressaíam à musica, e essa era a alma do Rock, coisa que hoje em dia se perdeu, e muito! O que nos resta é idolatrar esses gênios que fizeram do Rock uma lenda!

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