quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Numa tarde como outra qualquer...


Era uma tarde comum, num lugar normal. O sol ainda brilhava, mas não estava muito calor, principalmente debaixo da mangueira, onde a terra estava sempre meio úmida.
Lá estávamos meu irmão e eu, sentados no chão fazendo aquele agradável nada, que hoje temos tanta dificuldade de fazer, e minha mãe nos observava.
Vi um pedaço de plástico no chão e puxei. Ele estava preso e não saiu. Era um saco enterrado, e numa radiante curiosidade, de uma intensidade que só crianças alcançam, comecei a cavar e não precisei nem dizer palavra alguma ao meu irmão. Praticamente junto comigo ele já tinha visto, e, ansioso por respostas, começado a cavar também.
No começo fiquei feliz com a ajuda, mas depois comecei a encara-lo como um concorrente.
Por medo de perder meu tesouro, sem parar de cavar, gritei: "SE FOR OURO É MEU!!!"
Minha mãe ria. "Tola! Acho que não entenderia a seriedade do assunto.". É o que eu devo ter pensado.
Meu irmão ainda cavava com toda sua força, mas com cara de pensativo, até que, como se uma luz tivesse brilhado sobre sua cabeça ele grita: "SE FOR UM CONTROLE REMOTO QUE CONTROLA MILHÕES DE ROBÔS É MEU!!!"
E parei...
Não cavei mais. Fiquei alí sentado, vazio, olhando o horizonte e pensando...
Como pude ser tão burro?
Como eu queria aqueles robôs!
Não o fiz, mas tive vontade de chorar. Vontade essa que só foi cortada pela decepção do saco vazio que meu irmão acabava de desenterrar.
Depois jogamos futebol e a tarde terminou inda bem divertida.
Mas no fundo ainda sentia...Queria muito os robôs...

(por Zé Mingau)

P.S.: Não escrevi este texto para o blog. O extraí de tópico homônimo, de autoria minha, da comunidade 'Brainstorm, idéias ao vento'.

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